É chegada a hora de simular contentamento.
O indivíduo contemporâneo anseia pelo “Sextou”, encerrando atividades semanais para um período de lazer, escapando de rotinas monótonas. As pessoas querem se livrar das dores e obrigações tediosas da semana, buscando alívio através de embriaguez e adiando aspirações até a próxima segunda-feira.
Paradoxo?
Na atualidade, a busca pela autossuficiência e autoconfiança muitas vezes resulta em vidas mecanizadas, com a ilusão de superar gerações anteriores. Busca-se o torpor como fuga da realidade, delegando a vida a recursos externos, apesar da ilusão de ter autonomia.
Milton Santos ilustra através de suas reflexões essa contradição sobre os paradoxos da vida moderna.
No cotidiano, o indivíduo estabelece uma relação tumultuada com o tempo, resultando na desvalorização de dias como a terça-feira, pois a maior parte do tempo carece de significado. As rotinas diárias exaustivas e insuportáveis geram aversão à própria existência. No entanto, devemos lembrar que a vida vai além do fim de semana.
Busca de felicidade?
As pessoas vivenciam insatisfação em relação à vida devido à forma como a encaram e a si mesmas, mas poucos indivíduos desejam enfrentar o cerne do problema, pois isso exigiria compreender a complexidade do contexto e aceitar a responsabilidade individual.
Assim, opta-se por atribuir a busca pela felicidade a eventos sociais e ao consumo de substâncias, pois são incapazes de enfrentar a realidade existencial. Entretanto, o fim de semana, mesmo sendo considerado um período de “felicidade”, por si só, não consegue compensar o inferno vivenciado ao longo da semana.
A sociedade em geral opta por medicalizar esse problema, utilizando medicamentos para despertar, obter energia, aumentar a atenção, evitar o mau humor, estimular o apetite, perder peso, agitar-se ou acalmar-se, tranquilizar-se e dormir, entre outros objetivos. Mas essa problemática crônica gera dependência das “pílulas da felicidade” para um alívio temporário até o oceano de prazeres do fim de semana, onde se busca a felicidade infinita em atividades comuns.
Descubra outros textos do nosso blog: exitopsicologia.com.br
0 comentários